domingo, 7 de novembro de 2010

Reputação

As circunstâncias entre as quais você vive determinam sua reputação. A verdade em que você acredita determina seu caráter. A reputação é o que acham que você é. O caráter é o que você realmente é. A reputação é o que você tem quando chega a uma comunidade nova. O caráter é o que você tem quando vai embora. A reputação é feita em um momento. O caráter é construído em uma vida inteira. A reputação torna você rico ou pobre. O caráter torna você feliz ou infeliz. A reputação é o que os homens dizem de você junto à sua sepultura. O caráter é o que os anjos dizem de você diante de Deus."




(Arnaldo Jabor)

domingo, 31 de outubro de 2010

Meu coração sente falta de um abraço que nunca ganhou, mas que tem a certeza que é o melhor do mundo.

Respeito, alguém ainda lembra o que é?

"Desconfio do respeito de um homem com seu amigo ou sua bandeira quando não o vejo respeitar o inimigo ou a bandeira deste." (José Ortega y Gasset)


Será um candidato a presidencia que não foi capaz de respeitar seu adversário terá a capacidade de respeitar seu país, seu povo e principalmente a si mesmo? Reflita.
A palavra "respeito" se encontra articulada no dicionário e em enciclopédias.

Respeito tem 8 letras,
4 Vogais (e, e, i, o)
e 4 consoantes (r, s, p, t).
A palavra escrita ao contrário é: otiepser
Do latim respectu.
Mas o que significa a palavra respeito para você?



sábado, 30 de outubro de 2010

Infância

"Quando o meu mundo era mais mundo, e todo mundo admitia.

Mais pureza, mais carinho mais calma, mais alegria no meu jeito de me dar.
Quando a canção se fez mais clara e mais sentida
Quando a poesia realmente fez folia em minha vida."


domingo, 15 de agosto de 2010



Na dúvida do que fazer, acabei me estagnando no meio da encruzilhada. Olhando desesperada com medo de ser atropelada de novo; mas olhando paralítica, imóvel, estática…de medo e de preguiça. Sim, preguiça.
Falta de vontade de me arriscar atravessando a estrada de novo, com medo de me arrepender mais uma vez ao chegar do outro lado da rua. Medo de ser abandonada de novo; não há nada no mundo que me amedronte mais do que a solidão.
Entretanto tudo não passa de um grande paradoxo. Paradoxo porque já estou só. Não adianta fingir naturalidade, já não sou mais a menina natural. Escondendo-me atrás de sorrisos e pancake sem saber pra quem sorrio. Não adianta tentar mais uma vez, eu já sei como vai ser o final de tudo isso.
Não adianta falar pra você ficar, porque nem mesmo eu sei se quero que você realmente fique.
Rani Ghazzaoui

sexta-feira, 13 de agosto de 2010



Não vou viver como alguém que só espera um novo amor
Há outras coisas no caminho aonde eu vou
As vezes ando só, trocando passos com a solidão
Momentos que são meus e que não abro mão
Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta

Outro tempo começou pra mim agora... ♪ ♪


"Com o tempo, você vai percebendo que, para ser feliz, você precisa aprender a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você".


Ensinam muitas coisas às garotas: se um cara lhe machuca, ele gosta de você. Nunca tente aparar a própria franja. E um dia, vai conhecer um cara incrível e ser feliz para sempre. Todo filme e toda história implora para esperarmos por isso: a reviravolta no terceiro ato, a declaração de amor inesperada, a exceção à regra. Mas, às vezes, focamos tanto em achar nosso final feliz que não aprendemos a ler os sinais, a diferenciar entre quem nos quer e quem não nos quer, entre os que vão ficar e os que vão te deixar. E talvez esse final feliz não inclua um cara incrível. Talvez seja você sozinha recolhendo os cacos e recomeçando, ficando livre para algo melhor no futuro. Talvez o final feliz seja só seguir em frente. Ou talvez o final feliz seja isso: saber que mesmo com ligações sem retorno e corações partidos, com todos os erros estúpidos e sinais mal interpretados, com toda a vergonha e todo constrangimento, você nunca perdeu a esperança.”Ele Não Está Tão Afim De Você"


Eu sou lúcida na minha loucura. 
Permanente na minha inconstância.
Inquieta na minha comodidade.
Amo mais do que posso e, por medo, sempre menos do que sou capaz.. 
Quando me entrego, me atiro e quando recuo não volto mais.



(Martha Medeiros)
Quando dói o coração, todo o corpo dói. 

Por que permitimos que as pessoas entrem assim tão dentro da gente a ponto de saírem carregando um pedaço de nós quando partem? 

Por que nos damos tanto, nos entregamos tanto, nos deixamos tanto em mãos não tão cuidadosas dos nossos sentimentos? 

Deveríamos aprender a ficar na margem, olhando de longe a paisagem calma e nos satisfazer dessa visão, 
como quem se fascina com uma miragem. 

Mas não nos satisfaz olhar. Humanos que somos, precisamos absolutamente sentir, ao risco de nos afogar... 
e mergulhamos inteiramente. 

E, vida afora, vamos mergulhando em promessas de amor eterno, felicidade infinita e mar de rosas. Não nos questionamos sobre probabilidades de perdas e decepções, pois só de pensar já é doloroso. 

Dói... dói... dói e dói!... Mas isso não vai nos impedir de continuar, não vai nos impedir de viver. Pedaços de nós são ainda partes de nós e ninguém disse que precisamos chegar à velhice inteiros e sem marcas. 

Isso é vida!!! Não desistir, manter-se de pé, doendo, mas de pé, cabeça erguida na direção do desconhecido 
e peito cheio de esperança que a próxima vez será diferente. 

Grandes artistas obtiveram o melhor das suas obras nos grandes momentos de aflição e dor. 

Faça o mesmo: Mostre o que de grande há em você tirando partido das suas decepções! Construa-se!!! 

Tenha em mente que não é você que não foi digno daquele amor, mas aquele amor que não foi digno de você. 
E se faz parte da vida caminhar entre flores e espinhos, não se esquive do caminho. Caminhe!!! 

Amanhã talvez seja diferente. E talvez não. Mas entre as subidas e descidas, você vai ter sobrevivido. 
E vai ter, sobre tudo, vivido.
 

* Letícia Thompson *

"Eu não sei deixar ninguém partir, eu não sei escolher, excluir, deletar. São as pessoas que resolvem me deixar, melhor assim, adoro não ser responsável por absolutamente nada, odeio o peso que uma despedida eterna causa em mim." 

Tati Bernardi


"Minha vida é sempre uma montanha russa e daqui a pouco to subindo de novo."

terça-feira, 10 de agosto de 2010



Quantas vezes eu estive cara a cara com a pior metade?
A lembrança no espelho, a esperança na outra margem.
Quantas vezes a gente sobrevive à hora da verdade?
Na falta de algo melhor, nunca me faltou coragem.
Se eu soubesse antes o que sei agora, erraria tudo exatamente igual...
Tenho vivido um dia por semana. Acaba a grana, mês ainda tem.
Sem passado nem futuro, eu vivo um dia de cada vez.
Quantas vezes eu estive cara a cara com a pior metade?
Quantas vezes a gente sobrevive à hora da verdade?
Se eu soubesse antes o que sei agora, iria embora antes do final...
Surfando karmas e DNA...
Eu não quero ter o que eu não tenho. Não tenho medo de errar!
Surfando karmas e DNA...
Não quero ser o que eu não sou. Eu não sou maior que o mar...Na falta do que fazer, inventei a minha liberdade!

(Humberto Gessinger)



domingo, 8 de agosto de 2010

então,


o que você vai contar para os seus netos?

sábado, 7 de agosto de 2010


Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais -por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia –qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido.Eu prefiro viver a ilusão do quase, quando estou "quase" certa que desistindo naquele momento vou levar comigo uma coisa bonita. Quando eu "quase" tenho certeza que insistir naquilo vai me fazer sofrer, que insistir em algo ou alguém pode não terminar da melhor maneira, que pode não ser do jeito que eu queria que fosse, eu jogo tudo pro alto, sem arrependimentos futuros! Eu prefiro viver com a incerteza de poder ter dado certo, que com a certeza de ter acabado em dor. Talvez loucura, medo, eu diria covardia, loucura quem sabe!”
Caio Fernando Abreu

"Menos pela cicatriz deixada, uma ferida antiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva".
Caio Fernando Abreu

COITADO



"E eu, finalmente, deixei de ter pena de mim por estar sem você e passei a ter pena de você por estar sem mim. Coitado."

sexta-feira, 6 de agosto de 2010



Eu queria ser mãe, queria ser mão pra quem precisa; queria não precisar tanto de coisas que, no fundo, não fazem bem pra mim. Queria que o mundo fosse menor, que as distâncias fossem mais fáceis de ser percorridas pra que eu pudesse estar o tempo todo há dez minutos caminháveis de todo mundo que eu gosto.
Mas hoje, e só hoje, o que eu queria era muito mais simples do que toda essa dúvida eterna que eu carrego como fardo, mesmo às vezes largando em algum cantinho que eu sempre volto depois pra buscar. Hoje, e só hoje, eu queria olhar pra você e enxergar de novo aquele cara por quem eu fui capaz, mesmo que brevemente, de apagar todos os meus pontos de interrogação. Aquele cara que era, no meio de tantas dúvidas, a única certeza; o cara que fazia de mim uma mulher melhor.
O meu coração está barulhento, está machucado, está se sentindo sozinho. E olha como a vida é engraçada, meu amor. Eu sempre chorei as mágoas de um coração que sangrava por estar assim, vazio, oco, sem ninguém. Mas eu nunca poderia supor, nem nos meus sonhos mais delirantes de idealista de um amor que nunca vai existir, que chorar as dores de um coração que dói acompanhado podia ser assim, tão pior.
Rani Ghazzaoui


Eu já vi gente que eu gosto ir embora, já fui embora de gente que me queria por perto.


O tempo está passando tão rápido por mim, eu fecho os dedos das minhas mão com tanta força, mas o tempo prossegue passando, caindo por entre meus dedos, eu não consigo mais segurar ele aqui.

Passado.



Perdi, até mesmo, a capacidade de enxergar passado como lembranças; passado virou pra mim só fantasmas.

“Sei que todos, algum dia, acordamos com a senhora desilusão sentada na beira da cama. Mas a gente vai à luta e inventa um novo sonho, uma esperança, mesmo recauchutada:vale tudo menos chorar tempo demais. Pois sempre há coisas boas para pensar. Algumas se realizam. Criança sabe disso.”


Lya Luft


Me veio na cabeça agora, que talvez se eu tivesse admitido, que eu gosto de você, em algum lugar dentro do seu coração, você admitiria também. Mas eu não admiti, e você também não. Então é assim, quem sabe um dia mude. Quem sabe um dia você venha, e eu esteja te esperando, ou não. Só sei que agora, eu espero e você não vem.


Ainda tenho a cicatriz que você me fez, ainda tenho a cicatriz, que me deixei fazer, que nos deixei fazer…
E cada vez que eu te olhar, eu vou lembrar do que durou muito pouco e a dor que me causou.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Pensando bem

Eu gosto mesmo de você
Pensando bem quero dizer
Que amo ter te conhecido
Nada melhor que eu deixar você saber
Pois é tão triste esconder um sentimento tão bonito
Hoje mesmo vou te procurar
Falar de mim
Sei que nem chegou a imaginar
Que eu pudesse te amar tanto assim
Sempre fui um grande amigo seu
Só que não sei mais se assim vai ser
Sempre te contei segredos meus
Estou apaixonado por você
Esse amor entrou no coração
Agora diz o que é que a gente faz
Pode dizer sim ou dizer não
Ser só seu amigo não dá mais.
Nada melhor que eu deixar você saber
Pois é tão triste esconder um sentimento tão bonito
A gente finge que arruma o guarda-roupa, arruma o quarto, arruma a bagunça. Tira aquele tanto de coisa que não serve, porque ocupar espaço com coisas velhas não dá. As coisas novas querem entrar, tanta coisa bonita nas lojas por aí. Mas a gente nunca tira tudo. Sempre as esconde aqui, esconde ali, finge para si mesmo que ainda serve. A gente sabe. Que tá curta, pequeno, apertado. É que a gente queria tanto. Tanto.

Acredito que arrumar a bagunça da vida é como arrumar a bagunça do quarto. Tirar tudo, rever roupas e sapatos, experimentar e ver o que ainda serve, jogar fora algumas coisas, outras separar para doação. Isso pode servir melhor para outra pessoa. Hora de deixar ir. Alguém precisa mais do que você. Se livrar. Deixar pra trás. Algumas coisas não servem mais.Chega. Porque guardar roupa velha dentro da gaveta é como ocupar o coração com alguém que não lhe serve. Perca de espaço, tempo, paciência e sentimento. Tem tanta gente interessante por aí querendo entrar. Deixa. Deixa entrar: na vida, no coração.

Tati Bernardi.
Dá vontade de bater em todo mundo, de sair na rua gritando, de chorar minhas dores em voz alta pra fazer eco e pra ver se no vexame eu enxergo o quanto estou ridícula de não acreditar que o seu amor é genuíno e que o passado que eu tanto teimo em trazer à tona já nem passa perto de perturbar você.

Eu fiz tanta besteira na minha vida, e o meu medo de te desapontar é tão grande que eu preciso procurar besteiras na sua vida, pra me desapontar com você e estar mais preparada caso você decida seguir por aí, sem mim.
"Existia uma palavra dentro dela que fazia com que a dúvida parecesse um pouco mais segura, e que a espera pelo sorriso doesse um pouco menos. Ele olhava muito pros lados e tão pouco pra ela e, agora, era quase imperceptível o desvio dos seus olhos que já há tempos não encontravam os dela. Cruzavam-se apenas, e pra ela era tão insuficiente. Ele já não estava nela..."


Rani Ghazzaoui

Tudo que vem fácil, vai fácil.


Não me iludo mais com promessas fáceis de amores eternos. A vida me mostrou, vez após vez, que nada do que vem correndo acaba por sossegar e se manter parado. Não existe essa possibilidade de amor sem história, sem derrotas, sem sangue pisado no coração, sem garganta trancada e nariz entupido de tanto chorar. Amar não é só bonito e, pra ser hora ou outra, é feio demais no caminho..."


Rani Ghazzaoui

Sorria, embora seu coração esteja doendo
Sorria, mesmo que ele esteja partido
Quando há nuvens no céu
Você sobreviverá...
O tempo é o melhor autor; sempre encontra um final perfeito.
 Charles Chaplin
"Eu sou antipática mesmo, o mundo tá cheio de gente brega e limitada e é um direito meu!
não to fazendo mal a ninguém, só to fazendo bem a mim"




Tati Bernardi.

sexta-feira, 2 de julho de 2010


Você pode ter a fé que quiser em espíritos, em vida após a morte, no paraíso e no inferno, mas se tratando desse mundo, não seja idiota. Porque você pode me dizer que deposita sua fé em Deus para passar pelo dia, mas quando chega a hora de atravessar a rua, eu sei que você olha para os dois lados.

Dr.House

segunda-feira, 21 de junho de 2010

FELICIDADE

Não sei lidar com a responsabilidade da felicidade. A felicidade guardada na bolsa ou na vida. Ma tenho a certeza de que o 'felizes para sempre' existe sim.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Suspiros e sussurros de carinho e paixão
Passei a noite inteira imerso na escuridão
Pensando em você
Você se quer olhou pra mim quando pensava em ser
E me disse que era o fim eu mal sabia o que fazer.
Noites inteiras sem dormir
E agora você vem me dizer
Que só quer voltar pra mim, diz pra eu esquecer de tudo aquilo que passou
Mas agora já é tarde pra tentar se preocupar
Você vai ter que aprender, se você quer perdão
Que tudo aquilo vai mudar
Não adianta nem ligar pedindo pra eu voltar
Quando estiver com os amigos cê vai ter que entender
Agora eu sou só meu
Se você quer me namorar
Vamos ter que combinar
Jamais,o amor vai me dizer o que fazer
Eu sei,o quanto era feliz por ter você
Mas não mais, acho que só vivo pra te ter
E eu sei, mais cedo ou mais tarde alguém vai substituir todo esse amor e ainda assim você só quer voltar pra mim
Não adianta nem ligar pedindo pra eu voltar
Quando estiver com os amigos cê vai ter que entender
Agora eu sou só meu ;*

domingo, 30 de maio de 2010

Ela acordou naquela manhã mais angustiada do que o normal, estava cansada, dos velhos rostos, dos velhos lugares, das velhas frases desgastadas como um velho Jeans.Sentia a cabeça a rodar, só uma coisa lhe vinha a cabeça: tinha de ir embora dali.Pensou em todas as pessoas que amava, pensou no quanto sofreriam ao reparar que ela tinha ido embora, já não interessava. O desejo de travar um novo caminho, com novas descobertas, novos sentimentos, o desejo de desbravar o desconhecido, o desejo de ser livre, falava mais alto do que todos os sentimentos que carregava dentro de si. Sua alma estava velha, e ela precisava rejuvenescer, ela precisava viver, estava cansada de estar morta, estava cansada de tentar respirar, ela só queria viver em paz.E se a felicidade estava longe dali, então ela percorreria o caminho que fosse preciso, e carregaria sempre o seu lar dentro do coração.Porque Deus daria asas a um anjo se o seu destino não fosse o de voar? Porque Deus daria a liberdade de um oceano se a água não fosse o seu lar? Vivemos num mundo onde as regras são ditadas por um ditador qualquer, ela não obedecia a ditadores, ela era patriota da sua própria nação, e esta chamava-se liberdade! Ela não nasceu para morrer, ela nasceu para acontecer, ela travaria qualquer luta que fosse preciso,tinha coragem o suficiente para seguir o seu caminho, mesmo que fosse sozinha. Correu pelo quarto, e jogou somente o que seria absolutamente necessário para dentro de uma mala. Escreveu um pequeno bilhete e colou na geladeira, não pediu desculpas pelo seu ato, mas tentou ser o mais amorosa possivel para que ninguem se sentisse culpado por a sua partida. Deixou as chaves de casa na mesa de jantar, bateu a porta e partiu sem olhar pra trás. Quando chegou na rua, pela primeira vez, pensou aonde iria, e lembrou: "Sem limites para seguir". Entre suspiro ela saiu sem rumo, iria acompanhar o vento e tentar chegar em algum lugar.

Amor ou odio

o ínicio da paixão me fascina, me deixa em alfa horas e horas, lembrando de como somos bobos, burros, loucos, intensos e perfeitos um para o outro quando estamos no ínicio da paixão. Conversando com uma amiga chegamos a conclusão de que a paixão é o melhor que existe em nós. A gente se entrega, faz loucuras, a outra pessoa não conhece nossos defeitos e nem nós os dele, logo ele se torna perfeito e a felicidade nos domina. Nos deixa de mãos, pés e cabeça atada. Vamos a qualquer lugar e os momentos vão se multiplicando segundo após segundo. Ficamos cegos, mas aquela cegueira saudável. E só nos recordamos de como aquela paixão bagunçava o corpo inteiro. Os sinais eram simples de decifrar e eu podia escrever japonês em braile que você saberia. Mas a paixão tem prazo de validade. SIM. É lei, pode chamar teu advogado que ele também já esta ciente. E depois que a paixão passa, ai sim você consegue ver se era amor ou a deliciosa paixão. Eu viveria dela, se não sonhasse com família e filhos com a cara dele. Porem enquanto ela existir, aproveitem e esqueçam as regras. Depois que a paixão acaba, vem o teste da verdade, aquele teste queconsiste em você sofrer horrores, chorar dias, noites e madrugadas tentando entender o que aconteceu e porque os teus defeitos vieram a tona, porque não somos mais tão loucos, e PORQUE não deu certo. Mas não adianta chamar o advogado e nem implorar pro juíz não bater o martelinho. Ou a paixão vira amor, ou vira ódio. É fato!

A futilidade...

nos levou ao caos. Já olhou ao seu redor, tantas ciranças famintas, tantos idosos ao relento, tantas pessoas que tiveram a vida castigada pelo o destino. Uns tem demais, outros nada. Se as pessoas soubessem repartir muitos teriam a vida diferente, não precisariam estar matando ou vendendo seu bem mais precioso: sua alma. A alma já foi corrompida pelas dorgas, pelo crime e pela insensibilidade dos seres humanos que deixam o ego subir a cabeça. Até quando teremos que ver crianças morrendo de fome e sendo largadas às moscas na África? Até quando teremos que infestar os telejornais de vitimas do crime? Até quando teremos que ver pessoas morrendo na nossa frente sem fazermos nada? A nossa futilidade levou ao pior caos que poderia se constatar: homem matando homem.

E sobre o amor?

Você já amou? Horrível, não? Você fica tão vulnerável. O peito se abre e o coração também. Desse jeito qualquer um pode entrar em você e bagunçar tudo. Você ergue todas essas defesas. Constrói essa armadura durante anos, para que nada possa causar mal. Aí, uma pessoa idiota, igualzinha a qualquer outra, entra em sua vida idiota. Você dá a essa pessoa um pedaço seu. E ela nem pediu. Um dia, faz alguma coisa boba como beijar você ou sorrir. E, de repente, sua vida não lhe pertence mais. O amor faz reféns. Ele entra em você. Devora tudo o que é seu e te deixa chorando no escuro. Por isso, uma frase simples como `talvez a gente devesse ser apenas amigos` ou `muito perspicaz` vira estilhaços de vidro rasgando seu coração. Dói. Não só na imaginação ou na mente. É uma dor na alma, no corpo, uma verdadeira dor que entra em você e destroça por dentro. Nada deveria ser assim. Principalmente o amor".

A vida me ensinou

a dizer adeus às pessoas que amo, sem tirá-las do meu coração; sorrir às pessoas que não gostam de mim, para mostrá-las que sou diferente do que elas pensam; fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade, para que eu possa acreditar que tudo vai mudar; calar-me para ouvir; aprender com meus erros. afinal eu posso ser sempre melhor. a lutar contra as injustiças; sorrir quando o que mais desejo é gritar todas as minhas dores para o mundo. a ser forte quando os que amo estão com problemas; ser carinhoso com todos que precisam do meu carinho; ouvir a todos que só precisam desabafar; amar aos que me machucam ou querem fazer de mim depósito de suas frustrações e desafetos; perdoar incondicionalmente, pois já precisei desse perdão; amar incondicionalmente, pois também preciso desse amor; a alegrar a quem precisa; a pedir perdão; a sonhar acordado; a acordar para a realidade (sempre que fosse necessário); a aproveitar cada instante de felicidade; a chorar de saudade sem vergonha de demonstrar; me ensinou a ter olhos para "ver e ouvir estrelas", embora nem sempre consiga entendê-las; a ver o encanto do pôr-do-sol; a sentir a dor do adeus e do que se acaba, sempre lutando para preservar tudo o que é importante para a felicidade do meu ser; a abrir minhas janelas para o amor; a não temer o futuro; me ensinou e está me ensinando a aproveitar o presente,como um presente que da vida recebi, e usá-lo como um diamante que eu mesmo tenha que lapidar, lhe dando forma da maneira que eu escolher :)
No final do dia o fato de termos a coragem de ainda estarmos de pé é razão suficiente para comemorarmos.

sábado, 29 de maio de 2010

'~ Agora é tudo tão normal, estudo e vou a praia e levo a vida que sonhei, nada de ligar o dia inteiro pra você, agora eu tenho a minha vida e o que eu quero é viver, com tantos peixes no oceano por que escolher você .?! ♥

quinta-feira, 27 de maio de 2010

O mundo GIRA

Poucas frases me fazem tão bem quanto essa. Claro, é indiscutível a obviedade e gigantismo do movimento de rotação do planeta. Mas impressionante mesmo é o que ele é capaz de fazer pela sua vida. Não é só uma simples metáfora, é fato: tudo, com o tempo, muda de lugar. A luz muda de intensidade, o topo vira fundo, a importância muda de foco. É absurdo pensar em estabilidade quando nem o próprio chão em que você pisa é imutável. E eu gosto muito disso, dessa inconstância da vida. Por mais que ela tire de você qualquer senso de segurança permanente, é ela quem te presenteia com a possibilidade de uma volta por cima. Em outras palavras: se o que é bom dura pouco, o que é ruim também não permanece. Conforto para os insatisfeitos, ameaça para os acomodados. E eu fico com a primeira opção. Porque só quem está no meio do furacão pra saber o quanto é importante que um dia venha depois do outro.

domingo, 23 de maio de 2010

Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu.
Sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor, pois se eu me comovia vendo você, pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo, meu Deus... Como você me doía! De vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno, bem no meio duma praça, então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta, mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme...só olhando você, sem dizer nada só olhando e pensando: Meu Deus, mas como você me dói de vez em quando!
penso, com mágoa, que o relacionamento da gente sempre foi um tanto unilateral, sei lá, não quero ser injusto nem nada - apenas me ferem muito esses teus silêncios.
Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso. A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão.

sábado, 8 de maio de 2010

Gilmar *-*

São onze da noite e ele, o Gilmar, me liga dizendo que não aguenta mais ser ignorado. Ele me quer. Agora. E está na porta da minha casa. Eu corro para fechar os trincos. Não estou mais no meu apartamento. Estou na casa dos meus avós. Fecho o portão do meio. Não estou mais lá também, estou no primeiro apartamento que morei com meus pais. Corro pra fechar a porta da cozinha também. Espio pelo olho mágico e Gilmar está de gorro. Não dá pra ver. Ele está calmo. Não grita, não bate na porta, nem aparece pelo olho mágico. Nada. A luz do corredor nem acende porque ele não se mexe. Mas ele liga de novo e avisa “chega de ser ignorado, eu vou entrar”. Ligo pra minha mãe, mas não acerto o número. De jeito nenhum. Agora vou discar com calma. 3, 8, 6, 2…não tem jeito, erro de novo. O inconsciente deixa claro: dessa vez não vai dar pra correr pra mamãe. Tento o mundo então. Abro a janela do meu quarto, que era meu quarto quando eu era criança, e grito para uma mulher na rua. Socorro. Homem tentando…tentando. Na hora que vou dizer o que ele está tentando, minha voz some. A mulher até olhou pra cima, mas desistiu. Corro e pego um papel. Mas nenhuma caneta funciona. Com muito sacrifício escrevo “homem tenta invadir minha casa”. Com o azul bem clarinho de caneta no fim. Jogo o bolo de papel que cai na cabeça de um homem que segura um bebê. Ele lê e grita “não posso fazer nada, estou cuidando do meu filho agora”. Ninguém parece dar importância. É como se, ser estuprada, assaltada, desgraçada, fosse um problema cotidiano. E os outros seguem nas ruas. Está sol. Tudo é tão calmo. Mas eu, pra variar, estou em pânico. O dia calmo, o solzinho gelado de fim de tarde que nada promete, e eu com pânico. É assim sempre e isso cansa tanto. Procuro meu Lexapro. Tomo logo 20 mg, afinal, trata-se de um estranho tentando entrar no meu apartamento. Chego na sala mais calma e ele já entrou. Mesmo com todos os milhares de trincos do mundo. Está sentado com seu gorro num canto escuro da sala. Minha cachorra não se move. Ele a matou? Matou minha cachorra? Grito “Lolitaaaaaaa” e ela se move normalmente. Ela não tem medo do Gilmar. É como se ele já morasse aqui. Tem chave e o amor da cachorra. O Gilmar não é feio não. Estamos na praia agora e eu estou cheia de picadas de borrachudo. Minha mãe liga dizendo que gosta do Gilmar. Meu avô vai dar uma volta e me deixar sozinha com ele, moço bom. Meu pai foi super com sua cara e divide um licorzinho. Mas Gilmar? Eu reclamo com ele. Mas que nominho heim? Ele diz: foca no mar e esquece o Gil. Todo mundo tem um lado bonito. Eu gosto disso. De repente, o que que é isso? Gilmar me deita no sofá e arranca minha calça e faz comigo o melhor sexo da minha vida. Calmo, carinhoso, devagar, com beijo na boca e olho no olho. Gilmar é tímido demais prum louco que invadiu minha casa. Como todo mundo pode gostar dele se ele deveria estar preso? Por que estou transando sem camisinha com um degenerado estuprador? Por que estou gostando? Gilmar, esse remédio que eu tomo, o Lexapro, me tira a capacidade de gozar. É sério. Eu até sinto tesão e fico excitada e tal. Mas gozar, demora aí umas cinco horas. Mas ele não tem pressa. E eu acabo conseguindo. E eu acho que amo o Gilmar. O cara do gorro que cansou de ser ignorado e resolver arrombar minha vida. Acordo com a blusa molhada e salgada. Mar. Só vou te chamar assim agora. Focando na parte boa. Ainda é cedo e dá pra dormir mais um pouco. Mas antes diminuo uma volta das cinco que eu dou na chave tetra da porta.

Amor não se pede

Se implorar resolvesse, não me importaria. De joelhos, no milho, em espinhos, agachada, com o cofrinho aparecendo. Uma loucura qualquer, se ajudasse, eu faria com o maior prazer. Do ridículo ao medo: pularia pelada de bungee jump. Chorar, se desse resultado, eu acabaria com a seca de qualquer Estado, de qualquer espírito. Mas amor não se pede, imagine só. Ei, seu tonto, será que você não pode me olhar com olhos de devoção porque eu estou aqui quase esmagada com sua presença? Não, não dá pra dizer isso. Ei, seu velho, será que você pode me abraçar como se estivéssemos caindo de uma ponte porque eu estou aqui sem chão com sua presença? Não, você não pode dizer isso. Ei, monstro do lixo, será que você pode me beijar como um beijo de final de filme porque eu estou aqui sem saliva, sem ar, sem vida com a sua presença? Definitivamente, não, melhor não. Amor não se pede, é uma pena. É uma pena correr com pulinhos enganados de felicidade e levar uma rasteira. É uma pena ter o coração inchado de amar sozinha, olhos inchados de amar sozinha. Um semblante altista de quem constrói sozinho sonhos. Mas você não pode, não, eu sei que dá vontade, mas não dá pra ligar pro desgraçado e dizer: ei, tô sofrendo aqui, vamos parar com essa estupidez de não me amar e vir logo resolver meu problema? Mas amor, minha querida, não se pede, dá raiva, eu sei. Raiva dele ter tirado o gosto do mousse de chocolate que você amava tanto. Raiva dele fazer você comer cinco mousses de chocolate seguidos pra ver se, em algum momento, o gosto volta. Raiva dele ter tirado as cores bonitas do mundo, a felicidade imensa em ver crianças sorrindo, a graça na bobeira de um cachorro querendo brincar. Ele roubou sua leveza mas, por alguma razão, você está vazia. Mas não dá, nem de brincadeira, pra você ligar pro cara e dizer: ei, a vida é curta pra sofrer, volta, volta, volta. Porque amor, meu amor, não se pede, é triste, eu sei bem. É triste ver o Sol e não vê-lo se irritar porque seus olhos são claros demais, são tristes as manhãs que prometem mais um dia sem ele, são tristes as noites que cumprem a promessa. É triste respirar sem sentir aquele cheiro que invade e você não olha de lado, aquele cheiro que acalma a busca. Aquele cheiro que dá vontade de transar pro resto da vida. É triste amar tanto e tanto amor não ter proveito. Tanto amor querendo fazer alguém feliz. Tanto amor querendo escrever uma história, mas só escrevendo este texto amargurado. É triste saber que falta alguma coisa e saber que não dá pra comprar, substituir, esquecer, implorar. É triste lembrar como eu ria com ele. Mas amor, você sabe, amor não se pede. Amor se declara: sabe de uma coisa? Ele sabe, ele sabe.

Tati Bernardi

ESTRANHA

A estranha agora deu de não comer. Sou eu que perco peso, bunda, peito e buchecha. A estranha dá de chorar de bobeira e eu pago o mico. A estranha se descontrola: ora fala demais sem nenhum argumento, ora emudece um turbilhão de idéias. Quero acordar cedo, quero praticar um exercício, quero tomar café sem pressa. A estranha só quer saber de sonhar, dorme até tarde. Dorme pesado de peso de amar. Amar dá sono porque gasta os sentidos. A estranha quer me atrapalhar, não quer que eu escreva esse texto e eu acabo escrevendo tudo truncado e bobo. Ela só quer que eu sinta, que eu pense, que eu respire, que eu disque aqueles números mais uma vez, mais uma vez, mais uma vez. Ei safada, saia de dentro de mim, preciso trabalhar, preciso respirar, preciso comer, preciso levar minha vida. Minha vida, entendeu? Quem te colocou aí, vagabunda? Quem disse que você manda em mim? A estranha é tão forte, tão grande, tão cheia de bocas, dentes, buracos quentes. A estranha vive para devorá-lo. Eu sou fraca e tenho a nítida e desesperadora sensação de ser mera platéia de missa: estou de joelhos. Que graça foi ver nesse homem, estranha filha da puta? Meu corpo te rejeita tanto que é quase um câncer sentir tudo isso. Meu corpo já se alimenta de você, digerindo aos poucos essa loucura para desmistificá-la. O mais estranho da estranha é essa felicidade plena em que vivo. Esse estado de graça. A estranha encheu meu estômago de borboletas coloridas. Encheu de suspiros a minha alma. Me encheu de rendição. É uma dessas alegrias de dar pulinhos e de murmurar alegria no semblante mais sério. É uma dessas alegrias tão abençoadas por Deus que Ele é quase cúmplice de esporádicas baixarias e mentiras. É uma dessas alegrias desconfortáveis mas que tem cara de cama quente e travesseiro fofo. Estranha, pra que tanto se depois acaba, mais uma vez, como tudo? Ela nem me liga, ela dança linda e vermelha no meu tórax. Eu perco o ar, esbugalho os olhos. Ela nem me liga, formigando cada parte do meu corpo, transformando meu desenho em pontilhado. Depois me instiga a chamá-lo para que forme minha imagem, me faça existir. Não sou uma massa desfigurada, vaca estranha! Sou uma mulher inteira, charmosa, inteligente, sarcástica, irônica e segura. Eu arraso corações! Não preciso de ninguém! Saia daqui! Ela apenas me sorri irônica e por piedade aquieta-se alguns segundos. Depois, eu mesma não agüento e a procuro: estranha por estranha, negar uma paixão é muito mais louco do que aceitá-la dentro da gente.
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quinta-feira, 29 de abril de 2010

Cadê a tampa da minha panela, o chinelo do meu pé cansado, a metade da minha laranja?

Tá em ebulição, vazando, transbordando, e nada da tampa da panela pra socorrer a lambança. É culpa da pressão que eu ponho em tudo isso? É o que dizem: desencana que uma hora ele aparece. O pé cansado já tentou calçar (à força) do chinelão que descola as tiras ao sapatinho de cristal. Nenhum serviu e o coitado tá todo esfolado. Ninguém pra descascar, chupar ou fazer uma laranjada. Em compensação, laranjas na minha vida não faltam. E chega! Há anos peço o príncipe e só me mandam o cavalo. Fim de ano sem amar é deprê, hein? Tô megera o suficiente pra ver uma família feliz no shopping e pensar que aquela instituição "image bank" não passa de uma união solitária de aparências. Tô megera o suficiente pra furar a fila do Papai Noel e pedir um pirulito, bem grande, bem grosso, bem exclusivamente apaixonado por mim. Tô megera o suficiente pra abraçar os veadinhos do trenó em homenagem aos meus ex-casos. Tô megamegera o suficiente pra não admitir minha carência e dar uma risada debochada de todas as luzes, canções e emoções de boas-festas. Tá, mas no especial do Roberto Carlos não vai dar pra ser megera. O filho da mãe sempre me faz chorar. É impressionante como a gente se sente sozinha na porra do especial do Roberto Carlos. É claro que eu desejo o meu sucesso profissional, dinheiro, saúde, ..., mas nada de atacar para todos os lados nas simpatias deste réveillon. Não dá certo. Este ano vou focar no amor: calcinha vermelha, fitinhas vermelhas e as sete ondas vão ser puladas com a mão no coração (se eu usar a frente-única branca que comprei, é bom que a mão no coração já segura um peito) e uma só intenção: encontrar o danado. Ah, sejamos sinceras mulheres modernas: no fundo, no fundo, a gente quer mesmo é alguém pra dormir protegida no peito (de preferência largo, forte e levemente cabeludo). E nem é medo de ficar pra titia não, além de ter cara de mais nova e ser bem nova, eu sou filha única. É vontade de sentir aquela coisinha misteriosa de "é esse!". Como será sentir isso? Eu sempre sinto que "pode ser esse, ou talvez com algumas mudancinhas possa ser esse ou talvez se ele quisesse, poderia ser esse...". Não, isso tá errado. Quero sentir que "é esse". Dizem que materializar os sonhos escrevendo ajuda, então lá vai: quero transar com beijo na boca profundo, olhos nos olhos, eu te amo e muita sacanagem, quero cineminha com encosto de ombro cheiroso, casar de branco, ser carregada no colo, filhos, casinha no campo com cerquinha branca, cachorro e caseiro bacana. Quero ouvir Chet Baker numa noite chuvosa e ter de um lado um livrinho na cabeceira da cama e do outro o homem que amo. Quero sambão com churrasco e as famílias reunidas. Quero ter certeza, ali no fundo da alma dele, de que ele me ama. Quero que ele saia correndo quando meu peito amargurado precisar de riso. Que ele esqueça, de vez em quando, seu lado egoísta, e lembre do meu. Que a gente brigue de ciúmes, porque ciúmes faz parte da paixão, e que faça as pazes rapidamente, porque paz faz parte do amor. Quero ser lembrada em horários malucos, todos os horários, pra sempre. Quero ser criança, mulher, homem, et, megera, maluca e, ainda assim, olhada com total reconhecimento de território. Quero sexo na escada e alguns hematomas e depois descanso numa cama nossa e pura. Quero foto brega na sala, com duas crianças enfeitando nossa moldura. Quero o sobrenome dele, o suor dele, a alma dele, o dinheiro dele (brincadeira...). Que ele me ame como a minha mãe, que seja mais forte que o meu pai, que seja a família que escolhi pra sempre. Quero que ele passe a mão na minha cabeça quando eu for sincera em minhas desculpas e que ele me ignore quando eu tentar enrolá-lo em minhas maldades. Quero que ele me torne uma pessoa melhor, que faça sexo como ninguém, que invente novas posições, que me faça comer peixe apimentado sem medo, respeite meus enjôos de sensibilidade, minhas esquisitices depressivas e morra de rir com meu senso de humor arrogante. Que seja lindo de uma beleza que me encha de tesão e que tenha um beijo que não desgaste com a rotina. Que a sua remela seja sequinha e não gosmenta e que o tempo leve um pouco de seu cabelo (adoro carecas...). Que suas escatologias não passem de piada e se materializem bem longe de mim. Tem que gostar de crianças, de cachorrinhos, da minha mãe, e tem que odiar ver pessoas procurando comida no lixo. Tem que dançar charmoso, ser irônico, ser calmo porém macho (ou seja, não explodir por nada mas também não calar por tudo). Tem que ser meio artista, mas também ter que saber cuidar dos meus problemas burocráticos. Tem que amar tudo o que eu escrevo e me olhar com aquela cara de "essa mulher é única". É mais ou menos isso. Achou muito? Claro que não precisa ser exatamente assim, tintim por tintim. Exigir demais pode fazer eu acabar sozinha em mais shows do Roberto Carlos. Deus me livre! Bom, analisando aqui, dá pra tirar umas coisinhas. Deixa eu ver... Resumindo então: tem que dizer que me ama e me amar mesmo, tem que rolar umas sacanagens e não pode ter remela gosmenta. Pronto! E quando eu tiver tudo isso e uma menina boba e invejosa me olhar e pensar que "aquela instituição feliz não passa de uma união solitária de aparências" vou ter pena desse coração solitário que ainda não encontrou o verdadeiro amor.

O homem mais bonito do mundo

Uma vez eu conheci o homem mais bonito do mundo. Eu estava sentada no chão de uma festa com pocinhas. Toda festa de jornalista forma pocinhas, pode reparar. E ele veio falar comigo “vai molhar a calça”. Ah, mas vou mesmo. Se tratava do homem mais bonito do mundo, eu não tinha nenhuma dúvida. Quem poderia ser mais bonito do que ele? Javier Bardem? Não. Basta vê-lo no filme da cólera pra saber o potencial que ele tem pra feiúra. O Brad Pitt? Eu prefiro os morenos. O Jesus Luz? Acho fraco, ele tem aquele lapso de vergonha suburbana no branco dos olhos. Não gosto de homem que se sente devendo algo ao cosmos. Homem que faz pose de topo de cadeia alimentar mas sofre as dores de uma coluna ainda arredondada pelo começo da evolução. Enfim, tratava-se do homem mais bonito do mundo. E ele veio falar comigo. E eu estava sentada no chão. E ali mesmo trocamos uns beijos e telefones e confissões e eu lembro que, apesar de estar com muito sono e cansaço e desesperança com a vida, fiquei tentando descobrir o que um homem daquele nível supremo de beleza (um metro e noventa, olhos azuis, cabelos castanhos cacheados, ombros que iam até o Chile) tinha visto numa garota bem mediana que estava sentada no chão em um dos dias de menor brilho de sua carreira social. Apliquei o teste do cotovelo durante o beijo (a leve roçadinha sem querer pra saber se o membro promete ou não promete). Apliquei o teste da sapiência média (você comenta que quando você olha pro abismo, o abismo olha pra você, e espera pra ver se ele tem alguma cultura de filosofia de almanaque). Apliquei o teste da bobeira erudita, uma merda qualquer que você lança no ar tipo “ai que vontade de chafurdar por essas lamas universais” e se o cara for minimamente interessante ele compra a besteira e devolve uma outra melhor ainda. Se ele for um tapado ele ri e fala algo idiota tipo “quero o mesmo que você está tomando” e daí você sabe que está, novamente, sozinho no mundo. Como sempre. E ele, do alto de sua absurda e dolorosa beleza, foi tirando nota sete e meio em todos os quesitos. Devolveu uma besteira à altura, conhecia frases pessimistas perfeitas para uma noite estrelada e passou com certo louvor no teste do cotovelo. No dia seguinte, já pela manhã, chegou uma mensagem de texto do homem mais bonito do mundo “quero te ver”. E foi então que resolvi pedir ajuda. Juntei a mulherada em casa. E todas nós, em silêncio, começamos a “googla-lo”. Até que uma foto bem grande, dele só de bermuda, sorrindo, ocupou a tela inteira e o coração de todas nós. Algumas suspiraram. Algumas tiveram ataque de riso nervoso. Uma ficou bem irritada e foi embora. Outras me olharam com a miopia bem apertada tentando descobrir que é que eu tinha pra merecer aquilo tudo. Ele era realmente o homem mais bonito do mundo. Todas concordaram. Não existe homem mais bonito do que esse e talvez nunca existirá. E, ao que tudo indica, trabalhador, com amigos do bem, amante da natureza e das crianças. A ficha.com estava limpíssima. Mas você viu se ele…Vi, vi, sim, ele passou no teste do cotovelo. Burro? Não. Então o quê hein? Pois é, amigas tão honestas, eu também não sei o que ele viu em mim. Tentaram uma última explicação, olhando para os meus pés “ah, vai ver ele gosta de sexo bizarro”. É, vai ver. Outra explicou assim “ah, tem tanto casal que a gente vê e não se conforma”. Pois é. Fiquei quarenta e sete dias com o homem mais bonito do mundo. Todo mundo olhava pra ele. Homens, mulheres, velhinhos, crianças, cachorros, pombas, formigas. Ele poderia ter qualquer uma das anjinhas da Victoria’s Secret (caso além de perfeito fosse trilhardário também...não era o caso, mas era bem de vida) mas preferia estar comigo. Ele definitivamente não tinha nenhum problema sexual, aliás, muito pelo contrário: fazia parte do seletíssimo grupo de homens que, apesar de não fazer feio em medidas, são adeptos do sexo minimalista (aquele que sabe o valor da delicadeza pontual, ritmada, paciente e amorosa), entendia os filmes do Reserva Cultural e me explicava as palavras mais difíceis das músicas do Radiohead. Tudo ia muito bem até que um dia, na fila pra comprar uma bomba de chocolate numa rua de Higienópolis, eu resolvi explodir aquela relação. Ele era tão bonito que me...que me...que...sei lá. Lembro que na hora pensei algo assim “ah, má vá ser bonito assim lá na puta queo pariu”. E ele foi.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Sumi porque só faço besteira em sua presença, fico mudo
quando deveria verbalizar, digo um absurdo atrás do outro quando
melhor seria silenciar, faço brincadeiras de mau gosto e sofro
antes, durante e depois de te encontrar.
Sumi porque não há futuro e isso não é o mais difícil de
lidar, pior é não ter presente e o passado ser mais fluido que o ar.
Sumi porque não há o que se possa resgatar, meu sumiço é
covarde mas atento, meio fajuto meio autêntico, sumi porque
sumir é um jogo de paciência, ausentar-se é risco e sapiência,
pareço desinteressado, mas sumi para estar para sempre do seu
lado, a saudade fará mais por nós dois que nosso amor e sua
desajeitada e irrefletida permanência.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

SAUDADE :(

Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, Dói morder a língua, dói cólica Mas o que mais dói é a saudade. Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade de um filho que estuda fora. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa. Doem essas saudades todas. Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã. Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, Ou quando alguém ou algo não deixa que esse amor siga, Ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter. Saudade é basicamente não saber. Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio. Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia. Não saber se ela ainda usa aquela saia. Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada; se ele tem assistido às aulas de inglês, Se aprendeu a entrar na Internet e encontrar a página do Diário Oficial; Se ela aprendeu a estacionar entre dois carros; Se ele continua preferindo Malzebier; Se ela continua preferindo suco; Se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados; Se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor; Se ele continua cantando tão bem; Se ela continua detestando o MC Donald`s; Se ele continua amando; Se ela continua a chorar até nas comédias. Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos; Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento; Não saber como frear as lágrimas diante de uma música; Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer. É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso... É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer; Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você,provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler... (Miguel Falabella)

quinta-feira, 11 de março de 2010

É melhor tentar e falhar,que preocupar-se e ver a vida passar.É melhor tentar, ainda que em vão,que sentar-se fazendo nada até o final.Eu prefiro na chuva caminhar,que em dias tristes me esconder.Prefiro ser feliz embora louco,que em conformidade viver."

(M. Luther King)

O príncipe azul

Minha mãe não entendeu nada quando viu que tinha um furo enorme e perfeito no armário. Era a brincadeira da semana: eu ficava entre as blusas de lã, escondida do pirata, e meu pai ficava do outro lado do armário, entre as calças, também escondido do pirata. O furo era pra permitir comunicação: como escaparíamos daquela imensa caixa que naufragava em alto-mar? Depois meu pai era o Carlinhos, aluno respondão que nunca fazia a lição de casa e eu a professora que sempre dava mais uma chance. Se ele errasse alguma palavra, o castigo era me levar de carro, porque eu gostava de ouvir as músicas em movimento, e me comprar o maior número possível de pulseiras mágicas com purpurina dentro. Eu adorava colar estrelas no teto do quarto. Aquelas que brilhavam à noite. E então montávamos um verdadeiro acampamento com lençóis, vassouras, lanternas e eu tinha certeza que se colocasse meu pé pra fora sentiria aquela graminha com sereno. Antes de dormir, meu pai não lia livrinhos prontos, mas me fazia inventar histórias. Tem pai que ensina o filho a não ter medo das coisas e talvez essa seja uma pequena mágoa que guardo da minha família. Eu fui criada pra ter medo de tudo: de coxinha de padaria à viagens solitárias pela Europa. Não me deixavam brincar muito na rua, nadar sozinha no mar, comer besteiras na cantina da escola. O resultado disso é que até hoje passo um pouco de vergonha quando viajo com amigos e faço análise há anos pra aprender a ficar menos tensa com a vida lá fora. Em compensação, tenho uma coragem absurda e uma curiosidade profunda a respeito da minha vida de dentro. E me pergunto: quantos pais ensinam isso a seus filhos? Tive sorte. Hoje, com trinta anos de idade, eu sou escritora, profissão que não troco por nenhuma e que me dá um tesão enorme em viver. E devo isso ao meu pai. Ele não me ensinou a comer pastel de feira e nem a dar um mortal na piscina. Talvez porque ele próprio tivesse medo dessas coisas, talvez porque quando um filho é único, você redobra os cuidados. Mas ele me ensinou a inventar um mundo rico, enorme e possível dentro da minha cabeça. Me ensinou a viver com coragem dentro de mim, a ser amiga e ouvinte dos neurônios, fígado, coração e entranhas. Tenho certeza que comecei da maneira mais difícil. É mais corajoso quem não tem medo de voar pelo mundo ou quem aguenta ficar dentro de si? Me sinto boba perto dos meus amigos que contam cicatrizes de esportes, meu pai sempre me disse pra tomar cuidado na aula de educação física. Mas me sinto um gênio quando vejo tanta gente que perde um dia inteiro pra escrever um simples e-mail sentimental ou não sabe o que dizer numa conversa mais íntima. E essas pessoas que fazem curso de escritor? Pra que serve um curso de escritor!? Quem é que vai te ensinar a ter essa delicadeza de sentir? Quem é que vai te dar ferramentas pra olhar pras coisas o tempo todo como se elas fossem encantadas e não simplesmente coisas? Durante muito tempo eu respondi “escritor se nasce, não se torna”. Mas descobri que foi o príncipe azul, que na verdade era meu pai, que me ensinou a não ter medo de atravessar o rio enorme, profundo, gelado e escuro, da história que inventamos. Dentro da barraca que não é barraca, é lençol preso no teto com fita crepe. Ele me deu a capacidade de sonhar, o resto do mundo agora é comigo.

Tati Bernardi